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Creatinina: O que é, o que faz e quando o exame é indicado?

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O que é creatinina?

A creatinina é uma substância encontrada no sangue e ligada diretamente ao funcionamento dos rins. Ela é produzida pelos músculos através da ingestão da fosfocreatina, uma proteína obtida mediante ao consumo dos alimentos e devido ao trabalho exercido pelos órgãos do sistema digestivo, como o fígado, estômago e o pâncreas. A fosfocreatina possui a função de fornecer a energia necessária aos músculos para que eles possam executar suas atividades diárias.

Em consequência do uso da fosfocreatina pelos músculos, a creatinina é transportada na corrente sanguínea até os rins, e por meio de uma filtragem realizada no próprio sangue, a substância é eliminada pela urina.

A quantidade de creatinina no organismo do paciente permite que o médico consiga examinar a saúde dos rins e se o órgão está funcionando de maneira adequada, filtrando o sangue corretamente.

Para que serve o exame de creatinina?

Pelo exame de creatinina, é possível que o médico nefrologista examine os rins e descubra alguma possível doença no organismo do paciente. O objetivo é verificar se as taxas estão muito altas ou muito baixas, um parâmetro capaz de indicar se os rins estão funcionando perfeitamente.

Quando o nível está alto, significa que os rins estão incapazes de eliminar a creatinina, causando um acúmulo e progressão da doença renal crônica, sendo ela dividida em 5 estágios.

DRC Estágio 1

No estágio 1, a Taxa de Filtração Glomerular (TFG) é maior ou igual a 90ml/min.

Antes de tudo, esta é a fase mais precoce da doença. Nesse estágio, o rim ainda desemprenha sua função, filtrando mais de 90ml de sangue por minuto. Ainda assim, o paciente já apresenta sinais de lesão renal (como perda de proteína no sangue pela urina), que poderão comprometer o funcionamento dos rins a longo prazo. Se não for tratada no estágio 1, a DRC poderá avançar para o estágio 2.

DRC Estágio 2

No estágio 2, a Taxa de Filtração Glomerular (TFG) está entre 60 e 89ml/min.

Apesar disso, pacientes classificados neste estágio já estão com a filtração renal levemente comprometida, mas ainda não apresentam sintomas. Também chamada de pré-insuficiência renal, essa fase é comum em idosos, quando o envelhecimento do rim afeta seu funcionamento.

Imediatamente o tratamento é focado no controle dos fatores de risco para evitar que a DRC avance para um quadro mais preocupante.

DRC Estágio 3

Sob o mesmo ponto de vista, no estágio 3, a Taxa de Filtração Glomerular (TFG) está entre 45 e 59ml/min.

É nesse estágio que o paciente começa a apresentar os primeiros sintomas, como anemia e doença óssea, mas ainda de forma discreta. A partir dessa fase, já é indicado um tratamento conservador, que consiste em retardar a progressão da doença e conservar a TFG pelo maior tempo de evolução possível.

Sem o tratamento, os pacientes no estágio 3 podem evoluir para a perda progressiva da função renal.

DRC Estágio 4

No estágio 4, a Taxa de Filtração Glomerular (TFG) está entre 15 e 29ml/min.

Esse estágio, também chamado de pré-dialítico, já é considerado crítico. Como o volume de sangue filtrado é baixo, têm-se o acúmulo de toxinas no sangue, causando desnutrição, anemia, enfraquecimento ósseo, cansaço e edemas.

Pacientes nesse estágio apresentam diversas alterações em seu exame de sangue, como aumento de potássio, fósforo e PTH, além da redução dos níveis de cálcio e hemoglobina (sinais de anemia).

Além da manutenção do tratamento conservador, esse estágio inclui o preparo adequado para o início da Terapia Renal Substitutiva (hemodiálise). O preparo se dá através de uma pequena cirurgia, realizada para confeccionar uma fístula por meio da junção de uma artéria em uma veia. Essa junção resulta no aumento do fluxo de sangue, facilitando a punção com as agulhas da hemodiálise. Quando a diálise é realizada pela fístula em vez do cateter, o risco de infecção é menor.

DRC Estágio 5

No estágio 5, a Taxa de Filtração Glomerular (TFG) é inferior a 15ml/min.

Neste momento, o rim já não é capaz de manter seu funcionamento básico. A maioria dos pacientes apresenta sintomas como náuseas, vômitos, descontrole da pressão, perda do apetite e perda de peso. Também podem surgir sintomas como a redução da quantidade de urina (que ocasiona inchaço e falta de ar devido ao acúmulo de líquido nos pulmões), anemia grave e arritmia cardíaca (devido à elevação do potássio e da acidez no sangue).

Inicia-se a Terapia Renal Substitutiva que, como o nome indica, “substitui” o órgão. É realizada alguma modalidade de diálise ou o transplante de rim.

Leia também: https://nefroclinicas.com.br/os-cinco-estagios-das-doencas-renais-cronicas-drc/

https://www.youtube.com/watch?v=k2uFgtjKQ3s

Nos estágios mais avançados da doença renal crônica, o uso da fístula é fundamental na diálise. Você sabe qual a sua função? Confira esse vídeo da nossa técnica de enfermagem, Dayne Martins e entenda.

Quem precisa fazer o exame creatinina?

O exame de creatinina pode ser indicado em diversas situações e por ele estar relacionado na identificação de problemas nos rins, é recomendado que as pessoas que possuam histórico familiar de doenças renais e doenças que levam a necessidade de diálise, como a síndrome de Alport. Esse distúrbio também é conhecido como Nefrite hereditária e trata-se de uma doença progressiva rara, transmitida de pai para filho e resulta em uma lesão gradual dos pequenos vasos sanguíneos presentes nos glomérulos dos rins, impedindo que o órgão consiga filtrar o sangue. Além disso, a síndrome de Alport de causar problemas auditivos e oftalmológicos, já que esse problema impede a produção de proteínas importante para o funcionamento dos olhos e ouvidos.

O exame de creatinina também é adequado para aqueles que manifestam alguma condição que possa favorecer essas complicações citadas acima, como:

  • Hipertensão arterial (32% das pessoas fazem diálise por conta da hipertensão)
  • Diabéticos (Segunda causa no Brasil, cerca de 30% das pessoas sofrem dessa condição)
  • Idosos (Devido ao baixo índice de massa muscular)
  • Doença renal policística (Origem genética)
  • Uso crônico de anti-inflamatórios (Sem prescrição médica)

Como é feito o exame de creatinina?

O exame de creatinina é laboratorial e pode ser feito por dois métodos diferentes. Pelo sangue, onde é possível investigar apenas o nível da taxa da substância, sua concentração pela urina (exame conhecido como clearance de creatinina) ou a comparação entre as duas medidas.

O cálculo de Clearance de creatinina pode ser feita utilizando diferentes fórmulas, a mais comum é a de Cockcroft & Gault, onde leva em consideração a idade, gênero, peso e concentração de creatinina no sangue. Para monitorar a progressão da doença, esse exame tem sido um teste muito utilizado para medir a taxa de filtração glomerular (TFG).

Contudo, cerca de 10 a 20 % da creatinina urinária é resultante da secreção tubular quando a TFG é normal e gradativamente mais alta à medida que a TFG cai e a creatinina sérica aumenta.

O cálculo éfeito pela seguinte fórmula:

Clearance de creatinina (mL/min) = [(140 - idade em anos) x peso (em kg)] / 72 x creatinina plasmática (mg/ dL).

Caso o cálculo seja feito para uma pessoa do gênero feminino, deve-se multiplicar o resultado por 0,85.

Apesar de ser o método mais utilizado, essa fórmula contém algumas limitações devido aos dados para cálculo não serem coletados pelo laboratório. Isso pode impedir maior assertividade no resultado. Sendo assim, outros meios de cálculo são utilizados pelos laboratórios.

Valores de referência:

Os valores normais de clearence de creatinina são:

  • Crianças: 70 a 130 ml/min/1,73 m²

  • Mulheres: 85 a 125 ml/min/1,73 m²

  • Homens: 75 a 115 ml/min/1,73 m²

https://www.youtube.com/watch?v=HBit7eqDs5s

Confira esse vídeo do Dr. Jadilson Pereira da unidade de Ipanema, referência no segmento da Nefrologista, explicando um pouco sobre esse assunto.

Quais os tipos de exame de creatinina?

Coleta de sangue – Para realizar o exame de creatinina pelo sangue, o procedimento é feito da mesma forma como um hemograma, através de uma amostra sanguínea. Para isso, o paciente precisa ficar algumas horas de jejum (para evitar diagnósticos incorretos após o exame) e comparecer ao laboratório ou clínica para efetuar a coleta.

Coleta de urina – Conforme dito anteriormente, o exame pela urina também é conhecido como clearance de creatinina. Diferente do exame comum, é coletada a urina de 24 horas e precisa ser conservada em um recipiente adequado. Desta forma, o paciente é orientado a colher e depositar a urina produzida ao longo do dia neste mesmo recipiente. Posteriormente a coleta deverá ser encaminhada ao médico para que seja feita a análise e comparação em conjunto com as amostras sanguíneas.

Para a realização da clearance de creatinina é importante seguir as recomendações nutricionais. Algumas incluem, o consumo de suplementos alimentares, carnes e uso de medicamentos, pois estes podem favorecer falsos resultados no exame.

Tanto no exame de sangue quanto de urina, é indicado que o paciente não pratique atividades físicas para evitar qualquer tipo de alteração no organismo do mesmo e consequentemente favorecer a um diagnóstico equivocado.

Quando a creatinina é considerada normal no sangue?

A avaliação do nível da creatinina é feita mediante à comparação dos resultados.

Os resultados considerados “normais” precisam estar dentro dos valores de referência (entre 0,6 mg/dl e 1,2 mg/dl). Aqueles abaixo dos valores de referência (0,6 mg/dl) não são frequentes e não costumam apresentar motivos para preocupação.

Esses valores costumam variar de acordo com o laboratório, dependendo do método laboratorial utilizado. Em crianças e recém-nascidos, os valores de referência podem alterar conforme seu desenvolvimento e idade:

  • Recém-nascidos: 0,60 a 1,30 mg/dl

  • Bebês entre 1 e 6 meses: 0,40 a 0,60 mg/dl

  • Crianças e adolescentes (1 a 18 anos): 0,40 a 0,90 mg/dl

Além disso, as taxas de creatinina também podem variar de acordo com o sexo:

  • Mulheres: 0,60 a 1,12 mg/dl

  • Homens: 0,70 a 1,3 mg/dl

Quais os tipos de calculadoras renais?

O exame mais comumente utilizado para aferição da função renal é a creatinina no sangue, contudo isso não é suficiente para uma estimativa do funcionamento dos rins.
Existem algumas calculadoras desenvolvidas para esse fim, sendo a CKD-EPI, apresentada em 2009 e reajustada em 2021, a mais acurada de todas elas. Essa análise junta a creatinina plasmática(sangue), a idade e o sexo da pessoa. A raça, até então foi retirada na reavaliação de 2021.

O resultado norteia o grau de disfunção renal, ajuda nas decisões terapêuticas e na inferência prognóstica de risco para necessidade de diálise ou transplante.
O valor de referência para adultos saudáveis é acima de 90 mL/min/1,73m2. Convém lembrar que há uma diminuição fisiológica da TFG (taxa de filtração glomerular), que seria uma espécie de % de funcionamento renal, com a idade.

Já a fórmula de Cockcroft-Gault [(140-idade) x peso/ (72 x creatinina) x 0,85 (se mulher)], foi desenvolvida a por Donald W. Cockcroft e M. Henry Gault em 1976 e amplamente utilizada para estimar a depuração da creatinina sérica. Seu objetivo foi estipulado a partir de resultados de 249 homens caucasianos hospitalizados, com idade média de 57 anos (faixa etária de 18 a 92 anos) e com função renal normal. Não foi padro­nizada para uma área de superfície corporal de 1,73 m2 e por isso foi criado o fator de correção 0,85 para mulheres e o seu resultado é expresso em mL/min.

Calculadora

Quando a creatinina é preocupante?

Os resultados considerados “alterados”, ou seja, com o nível de creatinina elevado, precisam estar acima dos valores de referência (1,2mg/dl). Desta forma é necessário maior atenção do paciente pois pode demonstrar algum problema renal, sendo fundamental a consulta com o médico nefrologista para avaliação do seu estado clínico e se necessário, dar início ao tratamento renal. Se você se encontra nessa situação, agende sua consulta com algum dos nossos nefrologistas e receba um atendimento humanizado e completo afim de promover maior qualidade de vida e saúde aos seus rins!

Quais são as causas da creatinina alta?

A creatinina alta no sangue ocorre devido a algumas alterações das funções dos rins. Dentre as principais, podemos destacar:

  • Insuficiência ou injuria renal aguda
  • Infecção dos rins ou pielonefrite
  • Problemas no fluxo sanguíneo que alimenta os rins
  • Doença renal crônica
  • Hipertensão renal
  • Desidratação
  • Diabetes
  • Pré-eclâmpsia
  • Excesso de atividade física

Caso o paciente apresente algumas dessas condições, será necessário realizar um exame para avaliar a saúde dos rins, monitorar a função renal e auxiliar na investigação de determinadas doenças (principalmente as renais) através do nível da creatinina no sangue representado no exame.

Quais os riscos da creatinina alta?

Quanto mais alta estiver o nível de creatinina no sangue, mais as chances de o paciente apresentar problemas nos rins. Caso os órgãos não estejam funcionando da forma adequada, pode indicar condições graves.

Uma das complicações causadas pela taxa elevada de creatinina é a uremia, uma síndrome silenciosa manifestada nos estágios avançados da doença renal crônica, também conhecido como estágio 5. Em algumas pessoas, a Uremia apresenta sintomas como pressão alta, infecções no organismo, cólicas, dores na região do tronco, formação de cálculos renais e inchaços. Nessas condições, o paciente é indicado a iniciar alguma modalidade de substituição renal: Diálise Peritoneal, hemodiálise ou transplante renal.

Devido a creatinina ser produzida de acordo com a massa muscular, é mais comum que os homens manifestem maiores níveis da substância no sangue, visto que, geralmente possuem músculos mais desenvolvidos dos que as mulheres. Porém, independente dessa informação, em cenários onde a creatinina está alta no sangue, é imprescindível procurar um médico nefrologista para que ele possa examinar o paciente e tomar as devidas providências necessárias para a condição.

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O que é creatinina baixa?

Os valores baixos da creatinina podem indicar quadros de desnutrição ou perda de massa muscular. Geralmente ocorrem em mulheres, idosos e pessoas que sofrem de doenças como distrofia muscular ou hepáticas, já que o fígado também é responsável pela produção da substância. Diferente da creatinina alta, essa condição não costuma causar sintomas ou ser motivos de algum tratamento específico. Contudo, é importante procurar um médico nefrologista para investigar a causa provável desse baixo valor e realizar o acompanhamento após o exame de sangue.

O que faz aumentar a creatinina?

Níveis baixos de creatinina normalmente indicam perda de massa muscular ou subnutrição ou também representar sintomas adversos da gravidez. Ajustar a dieta, incluindo a ingestão de proteínas, além da prática de atividades em menor intensidade várias vezes pela semana podem ajudar no aumento da taxa da substância no sangue. Confira alguns outros métodos que possam auxiliar nesse processo:

  • Consuma diariamente uma quantidade adequada de calorias de acordo com a sua altura e peso.

  • Inclua bifes, carnes de porco e outras carnes vermelhas em sua dieta ao menos quatro ou cinco vezes por semana.

  • Se você é vegetariano, aumente a ingestão proteica por outros alimentos, como, lentilha, nozes, iorgutes e feijão.

  • Pratique atividades físicas em baixa intensidade para desenvolver massa muscular.

  • Diminua a ingestão de bebidas alcóolicas.

  • Entre outras.

Todavia, agendar uma consulta com o nutricionista é fundamental para que o profissional possa prescrever a dieta ideal de acordo com a avaliação do seu estado clínico. A NefroClínicas é possui uma equipe de nutricionistas pronta para te oferecer todo suporte e orientações necessárias para readequar seus hábitos alimentares e controlar o nível de creatinina no seu organismo, juntamente com o acompanhamento do médico nefrologista. Clique aqui e agenda sua consulta.

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